Os desafios e adequações nas universidades em tempos de pandemia
Por Virgínia Antony
A pandemia causada pelo novo coronavírus impactou as mais diversas áreas da sociedade no cenário mundial. De acordo com os novos dados divulgados pela OMS, a Covid-a9 já infectou mais de 520 milhões de pessoas em todo o mundo, como também causou a morte de mais de 6 milhões. No Brasil, o número de morto já ultrapassou a marca de 640 mil entre mais d 30,7 milhões de infectados, causando um rastro de dor e de prejuízos.
Diante das dificuldades surgiram as mais diversas repercussões a respeito das consequências da pandemia e os impactos sociais, que vão além das questões epidemiológicas e de saúde, mas que também afetaram severamente a economia e a educação de modo geral.
Em pesquisa recente, a SEMESP divulgou que houve um aumento considerável nos índices de evasão de alunos do ensino superior, ficando em 37,2% em 2020 e 36,6% em 2021. Uma taxa de quase 05% maior do que em 2019, ano anterior a pandemia.
De acordo com Michele Tariscio, da Chefia de Campus da Unip de Jundiaí, houve uma queda razoável no número de alunos. Ela acredita que o principal fator é resultado do desemprego que atingiu milhares de pessoas, mas que também há quem não quis estudar de forma on-line. "Caiu bastante" disse.
O Ensino Superior teve as aulas interrompidas enquanto a pandemia se manifestava entre os primeiros casos de Covid-19 confirmados no Brasil, no primeiro trimestre de 2020. A princípio, as aulas que seriam temporariamente suspensas, deram lugar a um novo método, o ensino remoto - on-line, e que durou por 2 anos para a maior parte dos alunos.
A professora universitária Cristiane Demarchi confirmou que "no início vários alunos tiveram dificuldade de acesso devido ao plano de dados. Mas essa questão do acesso foi paulatinamente sendo superada conforme o tempo decorria". Outras dificuldades como manter uma mente concentrada fora do ambiente acadêmico também seria um desafio. "Os alunos tiveram dificuldade de se adaptar e conciliar o espaço da casa, de modo a definir os momentos de lazer e o espaço para estudos", diz a professora. Cristiane Demarchi completa "então, o que senti foi que muitos alunos se perderam entre as inúmeras condições que o espaço propiciava". Para Mateus Pardinho, estudante do 6° semestre de Jornalismo, de 22 anos, uma das maiores dificuldades foi manter a disciplina e a concentração, "em casa existem várias coisas para tirar a nossa concentração, familiares ao Page 3 of 4 redor, e o fato do trabalho remoto. Foi difícil desvincular o trabalho do estudo", disse ele. Outra queixa de Mateus foi sobre a dificuldade em absorver o conteúdo ensinado. Ele disse que, na plataforma, não se tinham as mesmas oportunidades de falas e trocas de experiências que geralmente se tem como os professores em sala de aula presencial. "Não foi fácil se adaptar, ainda mais por causa do cansaço do trabalho e da dificuldade de se concentrar".
As dificuldades enfrentadas durante a pandemia não significam que o ensino tenha sido prejudicado. Cristiane Demarchi diz que "temos lacunas porque há maior dificuldade de interagir com um conteúdo ou tema que não é tão próximo do aluno no ambiente virtual". Ela ressalta que pode ter sido um ganho para alguns alunos, "por outro lado, para aqueles que conseguiram se adaptar, houve um ganho positivo, principalmente para os alunos de comunicação e jornalismo com a possibilidade de apresentação de exemplos, vídeos e conteúdo interativo, bem como de propostas de realização de atividades envolvendo as plataformas virtuais.
De volta ao Campus, reabrir os portões da faculdade foi visto como melhor do que o esperado de acordo com a Michele Tariscio. Quando as aulas retornaram, ainda haviam restrições de ordem estadual a respeito dos protocolos sanitários e a obrigatoriedade do uso de máscara. Com isso, seria importante manter o controle para que todos respeitassem as normas. Mas quanto a isso “os alunos aceitaram bem, concluiu”. A volta às aulas presenciais gerou um sentimento ambíguo na professora Cristiane Demarchi, “misto de saudades e preocupação de não causarmos outro momento de difícil controle dos surtos de infecção”. O aluno Mateus Pardinho, também diz que foi uma mistura de emoções, e disse que Page 4 of 4 no início teve dificuldades para se readaptar a ir para as aulas presenciais, “voltar para tudo aquilo que a gente fazia novamente foi muito estranho”, já que segundo ele isso gerou um novo impacto para a rotina adquirida nos últimos 2 anos.
Apesar de todas as dificuldades resultantes da pandemia na educação superior, alunos, professores e os profissionais das universidades enxergam também aspectos positivos alcançados durante o período como as facilidades na comunicação, trocas de conteúdo e ferramentas de ensino que continuam sendo usadas mesmo com o retorno das aulas presenciais.
A professora Cristiane Demarchi diz que, “do ponto de vista educacional, sempre há aprendizado e conhecimento quando estamos em momentos atípicos. Para os alunos, a possibilidade de se conhecer melhor, de entender o papel do espaço físico e do coletivo para a aprendizagem significativa. Para os professores, a introdução de novas ferramentas de ensino”.
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