terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Cinema: a vida e a carreira de Quentin Tarantino

Quentin Tarantino: sangue, violência e pipoca
Por Anthony M. D. Muniz

"Não acredito em elitismo. Não acho que o público seja uma pessoa burra, inferior a mim.
Eu sou público." - Quentin Tarantino.

Quando se pensa em diretores de cinema que deixaram uma marca irreparável na sétima arte, o nome de Quentin Tarantino rapidamente vem à mente. Com sua abordagem ousada e estilo inconfundível, Tarantino transformou o cinema dos anos 1990 (e dos anos que se seguiram) conquistando o mundo do cinema com uma carreira que abrange décadas e uma série de filmes icônicos, que passeiam de revisitações autoriais da história, tramas imprevisíveis e muitas referências metalinguísticas.

Quentin Tarantino durante as filmagens de "Os oito odiados". Fonte: Gamerant.com.

Nascido em 27 de março de 1963, em Knoxville, no Tennessee, Quentin Jerome Tarantino teve uma juventude marcada pelo amor ao cinema desde muito cedo. Suas primeiras influências, no que se tornaria sua paixão no futuro, se iniciaram quando, aos dois anos de idade, ele se mudou com seus pais para a "Meca do Cinema", em Los Angeles. Logo, na sua juventude já se tornaria um inveterado cinéfilo. Seu pai, Tony Tarantino, era estudante de Direito e aspirante a ator, enquanto sua mãe, Connie Zastoupil, trabalhava como professora primária.

Após concluir o Ensino Médio, ele iniciou os estudos de técnicas interpretativas na James Best Theatre Company e, logo em seguida, produziu seu primeiro roteiro chamado "Captain Peachfuzz and the Anchovy Bandit", tendo escrito logo após completar 22 anos. Foi nessa época, em 1984, que começou a trabalhar como balconista em uma locadora de vídeos em Manhattan Beach, Califórnia, junto com o seu colega Roger Avary (com quem, no futuro, escreveria o roteiro de "Pulp fiction" e, então, dividiria seu primeiro Oscar de Melhor Roteiro Original). Foi nesse momento que ele teve a oportunidade de devorar uma ampla variedade de filmes, desde os clássicos até os mais obscuros, com certa facilidade. Essa experiência contribuiu significativamente para sua educação cinematográfica e para a elaboração de seu próprio estilo.

As influências de Tarantino são visíveis em seus filmes que, muitas vezes, incorporam elementos de filmes de gangsters, westerns, filmes de artes marciais e "filmes B", mesmo que em roupagens e gêneros diferentes. Nomes como Sergio Leone, Martin Scorcese, Brian De Palma e Jean-Luc Godard foram fundamentais em sua formação como cineasta. Essas influências ajudaram a moldar sua compreensão da narrativa cinematográfica e permitiram que se tornasse um talentoso autodidata nessa arte.

O início da carreira de Quentin Tarantino foi caracterizado por trabalhos modestos e pela persistência na tentativa de ter uma carreira como ator, prosseguindo seu aprendizado no campo da interpretação na Allen Garfiled's Actor's Shelter. Ao conseguir apenas pequenos papéis, decidiu se dedicar à produção de roteiros. Também escreveu roteiros não produzidos e dirigiu filmes independentes de baixo orçamento, estreando como diretor e roteirista com o curta-metragem "My best friend's birthday", em 1987. Ele conseguiu vender, ainda no início dos anos 1980, os roteiros dos filmes "True romance" e "Natural born killers".

O grande ponto de viragem na carreira de Tarantino ocorreu em 1992, quando seu roteiro para "Cães de aluguel" chamou a atenção do produtor Lawrence Bender (com quem trabalharia em outras produções no futuro) e do ator Harvey Keitel. Com um orçamento modesto, o filme, dirigido por Tarantino, conquistou o Festival de Cinema de Sundance e rapidamente se tornou um clássico cult. "Cães de aluguel" foi elogiado por seus diálogos afiados e irreverentes, personagens de caráter dúbios e um ritmo narrativo muito criativo.

Se "Cães de aluguel" colocou Tarantino no mapa do cinema independente, "Pulp fiction", lançado em 1994, o catapultou para o estrelato internacional. O filme, que possui uma narrativa não linear, ainda mais inovadora que seu filme anterior, conta a intrincada história de diversos personagens que têm suas vidas entrelaçadas por situações de crime, violência e acaso. Permeado de diálogos memoráveis, o longa surpreendeu o público e a crítica e ganhou a Palma de Ouro em Cannes, prêmio máximo do notório festival. Com seu elenco estelar, incluindo John Travolta, Samuel L. Jackson e Uma Thurman, "Pulp fiction" se tornou um fenômeno cultural e um marco do cinema na década de 1990 e do cinema contemporâneo como um todo. O longa-metragem também conquistou 10 indicações ao Oscar levando o prêmio de Melhor Roteiro Original, o primeiro de Tarantino, que ganharia mais um alguns anos depois.

O sucesso de "Pulp fiction" solidificou a reputação de Tarantino como um diretor ousado e inovador e introduziu ao mundo, os diálogos "tarantinescos" em sua melhor forma, que misturavam referências pop, cultura popular e observações filosóficas em conversas cotidianas. Esses diálogos se tornaram uma característica distintiva de suas obras posteriores e referência para os fãs de seus trabalhos.

Após o sucesso de "Pulp fiction", ele produziu o longa-metragem "Jackie Brown", lançado em 1997. Estrelado por Pam Grier (uma das maiores estrelas dos clássicos filmes blacksploitation dos anos 1970) o longa acompanha a história dessa mulher que está no meio de um enorme conflito que lhe renderá dinheiro ou lhe custará a vida. "Jackie Brown" não teve o mesmo sucesso que o filme anterior do diretor, mas ainda hoje carrega uma multidão de fãs.

Em seguida, Tarantino mergulhou em um projeto ambicioso: "Kill Bill" (2003-2004). Este filme, originalmente planejado como um longa-metragem, foi dividido em duas partes dada a extensão que a trama do filme foi ganhando durante a produção. A história de vingança de uma noiva, interpretada por Uma Thurman, apresentou uma mistura única de artes marciais, violência estilizada e homenagens aos filmes de samurai e ao cinema de ação.

"Kill Bill" demonstrou o amadurecimento artístico de Tarantino. A narrativa, embora mantendo elementos de violência gráfica, estava imbuída de uma profundidade emocional surpreendente. A personagem principal, conhecida como "a noiva", evoluiu ao longo da história e sua jornada de autodescoberta foi tão importante quanto as cenas de ação espetaculares. O filme mais uma vez provou o talento de Tarantino para subverter gêneros e criar obras únicas.

Suas produções seguintes marcaram um novo momento cinematográfico da carreira do diretor. Trabalhando agora com narrativas não lineares, o diretor iniciou a produção de histórias fictícias baseadas em acontecimentos reais. Tarantino passou a explorar esses temas históricos em seus filmes, iniciando com "Bastidores inglórios", lançado em 2009. Nessa produção, o cineasta americano reimaginou a Segunda Guerra Mundial com um grupo de soldados judeus caçadores de nazistas. O filme, estrelado por Brad Pitt, Christoph Waltz (que venceu uma série de papeis pela sua memorável atuação, incluindo o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) e outros talentos, foi uma mistura explosiva de história alternativa, humor negro e violência estilizada, alterando drasticamente os rumos reais da história para trazer algo extremamente envolvente e imprevisível.

Em seguida, Tarantino dirigiu "Django livre" (2012), um faroeste ambientado nos Estados Unidos pré-Guerra Civil, que explorou temas de escravidão e vingança, baseado num longa metragem do mesmo nome dirigido por Sergio Corbucci e lançado em 1966. O longa acompanha a história de um escravo libertado (muito bem interpretado por Jamie Foxx) que, com a ajuda de um caçador de recompensas alemão, sai para resgatar sua esposa de um brutal dono de uma plantação de algodão no Mississipi. O filme rendeu a Christoph Waltz seu segundo Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e solidificou a reputação de Tarantino como um diretor que não tem medo de abordar questões sociais sensíveis em suas obras, tratando a brutalidade desse período histórico com menos espetacularização no retrato da violência escravagista e um direcionamento claro no espírito de vingança do protagonista.

Tarantino continuou a surpreender o público e a crítica com seus trabalhos posteriores: "Os oito odiados" (de 2015) foi um retorno ao gênero western, repleto de tensão e reviravoltas, e foi elogiado por suas atuações, em especial, a de Samuel L. Jackson. O filme também destacou a maestria de Tarantino na construção de diálogos tensos e cativantes, adotando aqui um ar mais teatral ao trabalhar quase toda a narrativa em um único ambiente fechado durante uma nevasca. Esse filme também representou um marco técnico em sua filmografia, propondo uma experiência diferente ao gravar o filme com uma câmera de 70mm, que amplia grandiosamente a visão periférica dos acontecimentos em tela. Para utilizar esse equipamento, ele e seu diretor de fotografia, Robert Richardson, tiveram de resgatar as câmeras criadas e usadas durante as décadas de 1950 e 1960, que não viam a luz do dia há algumas décadas. O resultado é extraordinário.

Seu filme mais recente até a produção dessa reportagem foi "Era uma vez em Hollywood", lançado em 2019. O filme é uma carta de amor a Hollywood do final dos anos 1960 (durante a "Nova Hollywood", momento reconhecido nos dias de hoje pela transformação do cinema estadunidense moderno), explorando a vida de um ator em declínio e seu dublê, brilhantemente interpretados por Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, respectivamente. O filme mistura ficção com figuras históricas (assim como em "Bastardos inglórios") e culmina em uma reviravolta surpreendente. O filme marca, também, uma nova fase na produção textual do diretor, pois simultaneamente ao lançamento do filme, foi lançada a versão literária do longa-metragem dando início ao projeto antigo do diretor de trabalhar uma carreira como escritor de romances.

Atualmente, ele está trabalhando em seu último projeto (nas palavras dele) como diretor e roteirista para o cinema, numa produção, até o momento, chamada de "The movie critic".

Ao longo de sua carreira, Quentin Tarantino construiu um legado duradouro no mundo do cinema. Seus filmes são reconhecidos por sua estilização visual, trilhas sonoras icônicas e diálogos memoráveis. Além disso, ele é frequentemente elogiado por sua capacidade de criar personagens complexos, cativantes e únicos. Tarantino também influenciou uma geração de cineastas com sua abordagem única e ousada. Seus filmes inspiraram uma série de imitações e homenagens, mas sua marca distintiva permanece inigualável. Ele é conhecido por sua dedicação à narrativa cinematográfica e sua paixão pelo cinema, o que o torna um dos diretores mais respeitados e amados de sua geração.

A vida e a carreira de Quentin Tarantino são um testemunho de sua paixão inabalável pelo cinema e sua capacidade de criar filmes que desafiam as convenções e deixam uma marca duradoura na cultura pop. Com uma trajetória que começou nas locadoras de vídeo e o levou ao topo de Hollywood, Tarantino é um ícone do cinema contemporâneo e seus filmes são uma celebração da narrativa cinematográfica e continuarão a inspirar cineastas e cinéfilos por muitas gerações futuras.

Cinema: a vida e carreira de Pedro Almodóvar

Pedro Almodóvar: melodrama para todos os gêneros
Por Anthony M. D. Muniz

"Também quis expressar a força do cinema para esconder a realidade, sem deixar de ser divertido. O cinema pode preencher os espaços vazios e da sua solidão." - Pedro Almodóvar.

Existem poucos diretores que são fáceis de se reconhecer pelo seu trabalho e Pedro Almodóvar é um deles. Seja pelas cores extravagantes dos figurinos e cenários (realçadas, também, pela direção de fotografia) ou pelos personagens exagerados, carregados de histórias trágicas, cômicas e melodramáticas, seus filmes carregam uma densidade pitoresca e são recheados de diálogos e situações irreverentes e comoventes. Estas características são compartilhadas pelo próprio diretor que, assim como suas produções, também consegue se distinguir com facilidade na multidão. Os elementos que caracterizam sua filmografia e personalidade surgiram durante as suas primeiras décadas de vida.

O espanhol Pedro Almodóvar Caballero que, no futuro, seria chamado apenas de Pedro Almodóvar, nasceu em 25 de setembro de 1949 na cidade de Calzada de Calatrava (Província de Cidade Real, localizada na comunidade autônoma de Castela-Mancha), onde viveu com seus pais e irmãos (duas irmãs e um irmão, esse com quem trabalharia no futuro) até os 16 anos. Nessa pequena cidade da Espanha, ele experienciou situações e conviveu com muitas das pessoas com quem se inspiraria nos seus anos como diretor e roteirista e que deram vida tanto às suas histórias quanto aos seus icônicos personagens.

Por ter vivido em uma casa de formação tradicional e conservadora, sua família o enviou para um internato religioso em Cáceres durante sua juventude, onde tornou-se seminarista. Com o passar do tempo, ele acabou se afastando do catolicismo, repudiando o que, na sua visão, ele via como atitudes hipócritas em relação aos próprios dogmas religiosos. Foi nesse período, convivendo com as restrições impostas pelo convívio religioso, que ele teve seus primeiros contatos com o cinema, assistindo compulsivamente filme após filme e alimentando, assim, mais e mais sua vontade de se tornar um artista e de trabalhar especialmente com filmes. Foi por esse motivo que, mesmo tendo uma boa convivência com sua família (principalmente com sua mãe) ele logo percebeu que, para alcançar suas ambições pessoais e artísticas, seria preciso deixar sua cidade natal e mudar-se para a capital. Com essas ambições em mente, Pedro Almodóvar, aos 16 anos, assim que finalizou o Ensino Médio, encaminhou-se para Madri.

Seus primeiros anos em Madri foram marcados pela precariedade e, por causa disso, não pode estudar formalmente "cinema". Isso aconteceria de qualquer maneira, pois a Escola Nacional de Cinema fora fechada em 1970 pela ditadura de Franco). Com isso, foi à procura de meios que lhe permitissem sobreviver (e viver) na populosa e movimentada cidade. Entre as muitas profissões com que trabalhou podemos citar a de telemarketing, o que, inclusive, lhe permitiu contato com muitas histórias únicas e inusitadas dos clientes. Isto o auxiliou a compor suas imprevisíveis histórias que fazem parte de seu repertório criativo.

Vendo que o conhecimento teórico estava inacessível naquele momento, resolveu aprender "na prática". Seus contatos seguintes com a produção artística encontraram novo sentido com o fim do Regime Franquista, em 1977, após a morte do ditador Francisco Franco.

Contaminado pela efervescência da época, Almodóvar arriscou-se em muitas atividades. Começou a escrever artigos, entrou em uma banda punk como vocalista e começou a filmar seus primeiros curtas-metragens com sua Super 8, tornando-se uma das figuras-chave da "Movida Madrileña" (movimento de libertação cultural, ideológica e artística dos anos pós-ditadura). Estes anos de atividade junto ao intenso contato com a ebulição sociocultural definiram as características singulares de seus filmes, principalmente, em suas primeiras produções.

Seu cinema seria, então, influenciado pela intensidade desses anos, seja através dos figurinos e da direção de arte, seja pela complexidade de seus personagens que passariam por situações inesperadas e de intensas emoções.

Mas antes que se vislumbrasse um eventual sinal de sucesso, Pedro Almodóvar produziu seu primeiro longa-metragem enquanto trabalhava como atendente num Call Center. Lançado em 1978 "Folle... folle... fólleme Tim!" foi seu modesto filme de estreia que, após um breve período de exibição em alguns poucos cinemas, desapareceu dos olhos do público sendo, até hoje, encontrado com certa raridade.

Foi apenas com seu filme seguinte: "Pepi, Luci, Bom e outras mulheres de montão", lançado em 1980, que o diretor pode vislumbrar certo sucesso que lhe permitiu um importante pontapé inicial. Com esse filme, juntamente com outros lançados nessa mesma década, ele recriaria à sua maneira, o momento de mudança (e de indefinição) pelo qual o país estava passando, principalmente quando se tratava da capital, Madri. A intensidade visual e dramática de seus personagens retrataria essa estranha sensação de constante ebulição e a necessidade imaterial de uma metamorfose no cotidiano espanhol.

Essa impulsividade seria perfeitamente retratada em suas produções lançadas durante os anos 1980, que seriam definidoras do estilo do diretor e alcançariam o sucesso, com destaque especial para o filme que o tornaria internacionalmente conhecido: "Mulheres à beira de um ataque de nervos", de 1988.

O filme conta a história de uma atriz de televisão (interpretada por Carmen Moura) que vê sua vida invadida por vários personagens excêntricos após embarcar em uma jornada para descobrir o motivo da partida de seu amante. Sendo uma perfeita combinação dos elementos mais destacáveis do traço autoral de Almodóvar, aqui encontra-se uma união fulminante de cores vibrantes, melodrama e comédia que compõem a trajetória da protagonista que se vê levada aos extremos de sua sanidade à medida que a história a coloca em situações extremas. Além de ter sido um sucesso de bilheteria, dentro e fora da Espanha, o filme figurou entre diversas premiações e festivais, garantindo ao diretor sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Com o sucesso deste filme, Almodóvar ganhou o gosto do espectador, e passou a contar com o anseio do público a cada novo lançamento, o que garantiu a estreia de outros filmes em grandes mostras cinematográficas como o Festival de Cannes de Cinema.

Durante os anos 1990, lançou "Tudo sobre minha mãe", filme que venceu o oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2000. Nesse, ele retomou um dos temas centrais de seu cinema (a maternidade) ao acompanhar a jornada desnorteante de uma mãe após a perda de seu filho. Com um elenco formado por grandes atrizes como Cecilia Roth, Marisa Paredes e Penélope Cruz, o longa colocou o nome de Almodóvar definitivamente entre os melhores diretores internacionais da sua geração.

Este filme carrega a importância de marcar um período de mudança na abordagem das histórias pelo diretor, ao retratar personagens que vivenciam situações dramáticas ao terem de lidar com as consequências de acontecimentos do passado, causadas ou não pelas escolhas deles e pelas experiências (muitas vezes trágicas) que eles vivenciaram. Essa abordagem faz total sentido com a situação em que a sociedade espanhola estava vivenciando ao ter de lidar com as amargas memórias da ditadura no país.

A partir de então, iniciou o momento mais virtuoso da sua carreira com filmes como: "Fale com ela" (lançado em 2002, que rendeu o Oscar de Roteiro Original, além de ter garantido uma indicação como Melhor Diretor); "A má educação" (lançado em 2004 e que é considerado por alguns críticos como o mais inventivo e complexo em sua estrutura narrativa e no uso da metalinguagem); "Volver" (lançado em 2006 e que garantiu a primeira indicação de Penélope Cruz ao Oscar por sua elogiada atuação) entre outros lançamentos.

Durante a década de 2010, o diretor precisou lidar com algumas recepções mais "mistas" da crítica e do público quanto aos seus filmes, superando esse momento apenas com o lançamento de "Dor e glória" em 2019. Com um emocionante e dramático uso da metalinguagem cinematográfica junto a recortes de momentos baseados em suas experiências pessoais, ele apresenta a vida de um diretor de cinema com dores crônicas que se vê em busca de uma nova história durante um fortíssimo bloqueio criativo. Com uma forte interpretação de Antonio Banderas (que lhe garantiu o prêmio no Festival de Cannes e uma indicação ao Oscar de Melhor Ator) o filme conquistou a crítica e o público e lhe permitiu um novo momento em sua filmografia.

Após essa produção, ele trabalhou em um curta-metragem em inglês (seu primeiro projeto produzido em uma língua que não a espanhola): "A voz humana", estrelado pela atriz britânica Tilda Swinton e, após isso, em um longa-metragem estrelado por Penélope Cruz chamado "Mães paralelas" que, seguindo a abordagem melancólica e nostálgica do passado espanhol, mencionada anteriormente, retrata diretamente, através de um dos arcos da história do filme, o peso e as cicatrizes deixadas pela violenta ditadura espanhola na sociedade atual do país.

Ainda vivenciando esse momento de relevância em sua carreira, o diretor lançou, em 2023, outro curta-metragem em inglês chamado "Estranha forma de vida". Dessa vez estrelado pelos atores Ethan Hawke e Pedro Pascal. Com isso, fica claro que o ritmo produtivo de Almodóvar continua irrefreável. Bom, naturalmente para ele é uma novela sem fim.

Fonte: G1 - Divulgação do filme "Dolor y Gloria". 

Fonte: G1 - Amodóvar e Penélope Cruz nos bastidores de "Dolor y Gloria".