Por Anthony Miqueias
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Fonte: Pôster promocional. |
Os tempos são sombrios e agora Gothan (com ares novaiorquinos como visto no filme "Coringa", de Todd Phillips) é uma cidade perdida, em que não é mais permitida a luz do dia e onde a criminalidade já tomou conta. Agora é habitada por mentes cada vez mais perturbadas. Neste cenário, Bruce Wayne (muito bem interpretado por Robert Pattinson) está revestido de um arsenal de armas em busca de vingança, sem temer a própria morte e imparável, pois apenas um misterioso crime interrompe sua violenta concentração.
Após um poderoso político ser assassinado dentro da sua própria casa e o assassino ter deixado uma carta para o Batman, ele se vê cada vez mais preso nesse emaranhado de mistérios que rondam a cidade e o legado de sua família. Isso sem falar que, quem encontra o corpo desse político é ninguém menos que seu filho, exatamente na mesma semana em que os pais de Bruce morreram há 22 anos na presença do protagonista, o que deixa a caçada ainda mais pessoal.
É inegável que não é difícil ver elementos de outras adaptações do personagem neste filme. O estilo militarizado, ainda que mais bruto de combate, presente na trilogia de Christopher Nolan, ou os breves momento de bom humor cáustico, também presentes na versão de Tim Bruton, e o ares góticos já presentes nas versões de Burton e de Zack Snyder dão as caras aqui no começo do filme. Há de tudo um pouco, ainda mais porque este é o 11º filme em que o morcegão aparece nas telonas. Mas o sentimento é de algo novo graças ao trabalho de Matt Reeves.
Depois de dois excelentes filmes para a recente trilogia de "Planeta dos Macacos", Reeves teve carta branca para trazer suas ideias para o filme "Batman". Ele pega elementos já apresentados nos filmes anteriores e os enverniza com um pessimismo quase irreparável e o ambiente noir (conhecido por filmes em que seus protagonistas-detetives se envolvem em investigações elegantes e simplistas, onde o que mais importa é o envolvimento pessoal do personagem com sua própria jornada do que com o mistério do crime em si). Percebemos isso, por exemplo, na cena em que um importante personagem morre repentina e exageradamente, já conectando o enredo para o seu último e mais dramático arco do filme.
Ele constrói uma história longa, mas sem enrolação, visto que os cortes da montagem são secos e diretos. Ele faz uso de planos longos focando nos rostos dos personagens, pois suas reações são muito importantes visto que todos eles estão estreitamente conectados ao protagonista. Isso difere a obra das outras adaptações, uma vez que o Batman, dessa vez, não perde muito espaço para os vilões coadjuvantes. Não conhecemos o Batman até os últimos 20 minutos do filme, isso porque o herói, até então, é apenas mais uma anomalia deste mundo já destruído. Ele precisa perceber isso para se tornar algo mais para a cidade, e os sinais que trazem essa percepção são derradeiros, violentos e deprimentes. Há um longo caminho até a esperança.
É neste ponto que o filme se conecta com a realidade. Com um futuro imprevisível e um presente pouco aberto para novas possibilidades, pouco nos resta para imaginar novos caminhos para trilhar. Com tantas e as mais diversas crises que estão ocorrendo dentro e fora do país, o cenário é sombrio e pouco atraente a qualquer tipo de luz, mas vingança certamente não é o caminho. Devemos dar voz à esperança. Pode parecer uma ideia batida ou clichê, mas funciona dentro e fora do filme.
Dados do filme
- Data do lançamento: 3 de março de 2022 nos cinemas do Brasil
- Duração do filme: 2h 56m
- Gênero: Ação/Aventura
- Idioma: Inglês
- Direção: Matt Reeves
- Roteiro: Matt Reeves e Peter Craig
- Elenco: Robert Pattinson, Zoê Kravitz, Paul Dano, Colin Farrel, Jeffrey Wright, Andy Serkis
- Orçamento: US$ 185-200 milhões
- Bilheteria total: US$ 764.358.832
Se você quiser assistir ao filme, ele está disponível no catálogo da plataforma HBO MAX e para aluguel nas plataformas Google Play, YouTube Movies e Apple TV.
Assista ao trailer no YouTube.
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